VIDA NO ESTADO LÍQUIDO

A água virou efeméride comemorada no 22 de março, o seu Dia Internacional. Quase toda ela, no mundo, é salgada, portanto inadequada para consumo direto ou irrigação. A questão da potabilidade vai se afunilando muito se levarmos em consideração que, dos menos de 3% de água doce do planeta, 69% é de difícil acesso porque está nas geleiras (apesar do degelo) e 30% se encontra nos aquíferos. Nos rios, somente 1%! É preciso dizer mais? Sim, que nunca é tarde para alertar que as questões da qualidade, do respeito aos ciclos naturais, da escassez e do desperdício da água não é mais uma briga de ambientalistas. Transformou-se numa causa de todos. Fomos conversar com dois entendidos em meio ambiente & sustentabilidade aqui da aldeia – profissionais que há décadas veem o aumento populacional da região acontecer sem ter uma contrapartida proporcional em cuidados para que ele seja ordenado – fixando-nos no assunto “água”.

CARLOS J. FROZI – BIÓLOGO

“Quanto à qualidade da água que bebemos, consideremos que tudo o que está em torno de uma bacia de captação de água gera impacto. (…) Problema que hoje temos é uma demanda populacional expressiva no Salto, com esgoto não tratado, que deságua ou se infiltra nesse manancial hídrico que nos abastece. (…) E as emissões poluentes podem ser de defensivos agrícolas, outro exemplo. Quanto pior for a água que vem do manancial, maior a necessidade de tratamento com produto químico e há mais partículas sólidas para serem retiradas. Há também, a questão dos níveis pluviométricos (das chuvas).
Lembram da chuva que destruiu a passarela da base da Cascata do Caracol, anos atrás? Foi de 120mm. Agora as chuvas têm sido de 140, 150, 200mm. Nenhuma cidade está preparada para isso. (…) Os tantos prédios novos de Canela deveriam captar 100% da água da chuva, aproveitá-la no próprio prédio então largar no manancial hídrico. Hoje a impermeabilização (asfaltamento) do solo faz com que a drenagem pluvial desague no Caracol, via canalizações cada vez maiores. O que não se deve nunca fazer é canalizar arroios. Isso acaba sendo feito aqui. Tirar a sinuosidade de um arroio só faz aumentar a sua velocidade e aí a destruição é maior. No meio rural, a fragmentação de propriedades, mantida a mesma fonte de água original, leva à falta dela. (…) Os banhados, já não existem mais, eles que criam um ciclo natural de receber a água, reter, infiltrar para o lençol freático e desovar numa velocidade menor. (…) Hoje me sinto triste, se não agirmos logo, caminhamos para a insustentabilidade”.

VITOR HUGO TRAVI, BIÓLOGO

“Canela e Gramado são privilegiadas porque temos um manancial de água, uma nascente, muito próximo da zona de captação, isso faz com que nossa água seja de boa qualidade, apesar de que todos os processos que se observam ultimamente fazem com que ela tenha uma qualidade aquém da que era há 20 anos atrás. Ao limpar a vela do filtro de água da minha casa, noto que a camada de impurezas retidas é uma prova disso. (Vitor lembra para os leitores que o sistema de barramentos Salto / Divisa / Blang libera águas para o Rio Paranhana e uma parte para consumo das populações de Canela e Gramado, que vai para o Poço da Faca e consequentemente para as Estações de Tratamento). O que mais me preocupa é a explosão demográfica, considerando que os mananciais são sempre os mesmos. Poderemos chegar a uma situação crítica de falta de água, como já aconteceu com Caxias do Sul em verões severos, inclusive com Nova Petrópolis tendo que vir aqui buscar água. Me assusta a urbanização descontrolada que se verifica aqui… cada vez mais condomínios, prédios grandes com apartamentos onde antes havia só uma casa. Outra preocupação é o fato de, junto às nascentes dos rios que nos abastecem, como o Santa Cruz e seus afluentes, as atividades agrícolas demandarem a utilização de adubação e tratamentos pesticidas que acabam, mais ou menos, depositados na água da bacia hidrográfica. Por fim, acho que a gente “não gasta” a água, usufruímos dela de todas as formas e a devolvemos, suja ou limpa, para o rio Caí, via arroio do Caracol, em um ciclo de má utilização”.

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