O MAIS IMPORTANTE É…

… SABER QUE É PRECISO PASSAR PELA TURBULÊNCIA PARA CHEGAR AO PARAÍSO


CAROLINE ANELI MARTINS
Sócia da Black Investimentos
@investlikeagirl_

Dias atrás, deparei-me com a assustadora notícia sobre o incidente que envolveu um voo da Latam que fazia o trajeto Austrália – Nova Zelândia, em que a aeronave subitamente despencou 300 pés, lançando os passageiros que estavam sem cinto ao teto da cabine. Felizmente, foi só um susto, e apesar de dezenas de passageiros terem se ferido, todos passam bem apesar do trauma.

Eu viajo de avião desde sempre e com muita frequência, mas não consigo sentir-me confortável com turbulências fortes e abruptas, mesmo sabendo que a probabilidade de um avião cair nestas circunstâncias é próxima a zero. Em conversas com um amigo que é piloto, buscando entender o motivo do incidente acima (ainda desconhecido), ele fez algumas alusões gerais ao mercado financeiro para me explicar as probabilidades de um voo. Segundo ele, quando a aeronave atinge sua velocidade cruzeiro, podemos dizer que estamos comprando ações de uma boa empresa a longo-prazo, enquanto especificamente a decolagem e a aterrisagem de uma aeronave são comparáveis a operações alavancadas com ações, ou seja, possuem maior risco de “perda permanente” ou risco de acidentes graves caso algo não ocorra conforme o previsto.

Trazendo para a realidade do mercado financeiro, a turbulência nada mais é do que a volatilidade natural e esperada que o investidor longo-prazista presencia ao comprar ações de uma boa empresa. O trajeto até alcançarmos um razoável lucro com a nossa tese de investimento deverá ser bastante instável, com muitas nuvens carregadas e turbulências ao longo do caminho – principalmente quando esse caminho se situa nos céus de mercados emergentes. Mas o destino final, caso haja paciência, disciplina e diligência (lembrando que o cinto de segurança do investidor é saber os fundamentos da sua tese e monitorá-la), será uma daquelas praias paradisíacas de águas calmas e cristalinas, e temperatura perfeita, eu garanto!

Assim como precisamos furar as nuvens para chegar aos destinos paradisíacos de nossas viagens, eu gosto de dizer que esta “turbulência” ou “volatilidade” nos mercados é o custo emocional que temos de tolerar para conseguirmos ganhar do CDI com margem em horizontes longos. Vamos a exemplos práticos. Digamos que há 3 investidores de diferentes perfis de risco que começaram a investir conosco com R$ 500 mil cada um, há exatos 10 anos, quando a taxa de juros brasileira estava bem próxima ao patamar que temos hoje (11% ao ano). O investidor agressivo alocou 80% em renda variável Brasil, nos fundos que acompanhamos mais de perto e gostamos aqui na Black Investimentos, e os 20% restantes no Tesouro Selic. O investidor moderado alocou 60% em Tesouro Selic e apenas 40% em renda variável, enquanto o conservador ficou 100% no Tesouro Selic ao longo desses 10 anos. O investidor agressivo enfrentou uma turbulência (volatilidade) de 20% ao longo desta janela, e no pior momento (pandemia), viu sua carteira cair 35% – um susto tão grande quanto àquele do avião da Latam. Pois é, mas este investidor se manteve no voo firme e forte, e seu portfólio retornou 253% até o último mês, ou cerca de 187% do CDI do período. Aqueles R$ 500 mil se transformaram em R$ 1.765.000,00 atualmente. O investidor moderado, por sua vez, viu seus R$ 500 mil se tornarem R$ 1.360.000,00, um retorno absoluto de 172% ou 127% do CDI no período, tendo uma turbulência bem menor, de 9%. O investidor conservador, por sua vez, rendeu 100% do CDI, e viu seus R$ 500 mil virarem cerca de R$ 1.180.000,00 sem precisar passar por sustos ao longo do seu trajeto. Reparem que neste exercício eu nem coloquei renda variável americana, pois 10 anos atrás ainda não tínhamos a plataforma global, e eu gostaria de ser realista.

Importante ressaltar que não existe um perfil mais “correto” de se investir. O correto é nos conhecermos, seja como pessoa, seja como investidor ou investidora. Há diversas pessoas que escolhem não andar de avião, e está tudo bem. O único ponto é que elas nunca poderão banhar-se nas águas da Saleccia, na Córsega, ou conhecer a beleza de Positano, na Itália. Há também aqueles que nunca terão chance de ganhar de lavada do CDI no mercado financeiro. Se você estiver em paz com isso, eu assino embaixo. Eu, particularmente, prefiro entrar no voo turbulento e enjoy the ride!

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