TURISMO SERÁ FORTALECIDO

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O Aeroporto Regional de Canela assumiu, ao longo do último ano, protagonismo inédito no contexto da aviação gaúcha. Sua transformação acelerada, catalisada pela emergência provocada pelo fechamento do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, tornou Canela ponto fundamental de conexão aérea para a Serra Gaúcha, tradicionalmente dependente de rotas rodoviárias e do terminal da Capital. Este papel central trouxe enormes expectativas, mas também uma série de desafios técnicos, regulatórios e operacionais para o aeroporto, historicamente dedicado, sobretudo, à aviação geral e de táxi aéreo. Desde a maior enchente do estado — ocorrido em maio de 2024 e responsável por paralisar totalmente o fluxo aéreo em Porto Alegre — Canela assumiu uma missão estratégica: garantir ao menos parte da mobilidade que a região tanto necessita, para turistas, moradores e negócios locais. Hoje, passado um ano, o aeroporto é tema de debates, análises e expectativas renovadas por quem vive do turismo, da aviação e da economia serrana. O impacto da catástrofe natural levou o poder público a agir rapidamente. Em junho de 2024, o Governo do Estado do Rio Grande do Sul, em conjunto com a Prefeitura de Canela, Infraero e técnicos da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), anunciou o compromisso de regionalizar o aeródromo — até então sem estrutura para voos comerciais regulares. O plano previa a liberação de R$ 34 milhões em investimentos, sendo R$ 9 milhões destinados de imediato para intervenções emergenciais, restauração da pista e construção de um terminal provisório. A meta definida era clara: possibilitar voos comerciais regulares até o final do primeiro semestre de 2025.

FIM de semana registrou vários jatos na pista do aeroporto
Foto: Odone Bizz


ATRASO NO CRONOGRAMA DAS MELHORIAS

Outras promessas seguiram: modernização do sistema de orientação e segurança de voo, implementação de tecnologias de apoio à navegação e garantia de acessibilidade universal para passageiros. O Governo Estadual ficou encarregado da gestão, enquanto a Infraero assumiu o gerenciamento das obras e dos processos licitatórios necessários. Paralelamente, tramitou-se a demanda pela homologação do aeroporto junto à Anac, essencial para a operação de voos regulares, e o alinhamento com a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), para obtenção das licenças ambientais.

Ao longo dos meses seguintes, etapas importantes do cronograma foram cumpridas. As obras de readequação da pista do aeroporto, com reforço do pavimento e nova sinalização horizontal e vertical, deram condições seguras mínimas à operação de aeronaves de porte regional, como os ATR 72. Contudo, o cronograma apresentou atrasos pontuais devido à complexidade do licenciamento ambiental. Após a obtenção da licença prévia, a licença definitiva de operação ambiental segue sendo o principal gargalo para a ampliação da grade de voos. A equipe técnica da Infraero reitera que toda documentação foi apresentada à Fepam e que há previsão realista de aprovação até meados do segundo semestre de 2025.

PISTA ainda precisa passar por melhorias de sinalização


RELAÇÃO COM AS COMPANHIAS AÉREAS

Em paralelo às obras, a articulação com as companhias aéreas tornou-se peça-chave para a consolidação do aeroporto enquanto hub regional. Desde agosto de 2024, conversas com Gol, Azul e Voepass foram intensificadas, focando rotas estratégicas ligando Canela a São Paulo, Campinas e, futuramente, Rio de Janeiro. A Azul Linhas Aéreas foi a única a confirmar a realização de três voos regulares semanais em caráter experimental, após emissão da licença para operação restrita. Segundo comunicado da companhia, “a concretização de mais voos depende diretamente da regularização plena do aeroporto e da resposta do mercado”, mantendo o compromisso de ampliar gradualmente a oferta se os indicadores de ocupação permanecerem elevados.

Empresas como Gol e Voepass sinalizaram interesse, mas apontam entraves: além da pendência documental junto à Anac e Fepam, há preocupação quanto ao volume de passageiros em períodos de baixa temporada e sobre a isenção de taxas aeroportuárias para fomentar a atratividade das rotas. A articulação entre gestão pública e trade turístico busca oferecer propostas de incentivo, como campanhas colaborativas e subsídios para rotas iniciais.

Para os passageiros, ainda há restrição de voos e horários, o que limita a acessibilidade e impacta diretamente hotéis, parques temáticos e agentes de viagem, que veem grande potencial represado. O setor hoteleiro estima que, com a normalização total e oferta de pelo menos dois voos diários, a ocupação média do destino pode subir de 65% para 80% em alta temporada.


OTIMISMO CAUTELOSO

O Aeroporto Regional de Canela apresenta, hoje, avanços consistentes em infraestrutura, operação e visibilidade diante do público, marcando um ciclo de rápidas transformações motivadas pela urgência. A pista modernizada atende os requisitos técnicos e há um fluxo crescente de usuários, mesmo com limitação de voos. No entanto, o principal obstáculo segue sendo a conclusão das etapas regulatórias e o avanço das negociações com grandes operadoras aéreas, essenciais para consolidar Canela como hub da Serra Gaúcha. Com prazos sendo ajustados conforme as demandas ambientais e de mercado, o sentimento predominante é de otimismo cauteloso, tanto entre empresários do turismo quanto entre gestores públicos. A normalização plena das operações dependerá do alinhamento entre órgãos reguladores, companhias aéreas e apoio institucional para que o aeroporto não apenas permaneça operante, mas se confirme como porta de entrada essencial para o desenvolvimento e integração regional. O próximo semestre será decisivo para verificar se as promessas se traduzirão em um legado duradouro ou se a estrutura requererá novos ciclos de ajustes e investimentos.

TERMINAL deverá ter cerca de 4.000m² distribuídos em dois andares


CONFIANÇA E OBSTÁCULOS

Liderança do ramo hoteleiro, o empresário José Ernesto Marino Neto, do complexo Kempinski Laje de Pedra, está confiante que os entraves estruturais serão superados e em breve aeronaves de médio porte começarão a pousar no Aeroporto de Canela. “Acredito que agora em maio a ANAC deverá homologar a nova pista, que contempla as obras já realizadas pela Infraero. Feito isso será possível que aeronaves tipo ATR72 pousem em Canela e, em seguida, deveremos ver as primeiras operações em regime de fretamento”, opina ele. Acredito que a CVC deverá ser a pioneira. A demanda com esses voos charters é que vai incentivar as companhias aéreas a criarem voos regulares” completa Neto. Por outro lado, ele aponta desafios pontuais para a integração entre o aeroporto e a infraestrutura turística do município. “A Serra Gaúcha tem graves problemas de infraestrutura. A mobilidade é o principal deles. E não vejo ninguém realmente pensando nisso. Se eu pudesse dar um conselho aos prefeitos de Canela e Gramado eu recomendaria estudar a concessão de um trem aéreo ligando as duas cidades sobre o canteiro central da estrada que as une”, sugere o empresário. “Também procuraria o Ministério dos Transportes para federalizar a estrada que liga Três Coroas a Canela, cedendo a exploração a um concessionário. São soluções simples, mas trabalhosas”, destaca Neto. Considerado um equipamento público de fomento ao desenvolvimento turístico, o pleno funcionamento do aeroporto com vôos comerciais e privados poderá refletir em avanços na economia de Canela e região. “São muitas atividades econômicas que se beneficiam da operação aeroportuária. No caso de Canela, o maior benefício será na atração de clientes com alto poder aquisitivo. Muitos clientes ricos não conhecem a Serra Gaúcha por conta da dificuldade de acesso. Acredito que o público rico de São Paulo e do Rio de Janeiro vai chegar e gastar mais dinheiro que a média dos turistas que hoje frequentam a Serra Gaúcha”, conclui Neto.


SEM PREVISÃO

A reportagem do Jornal Nova Época também solicitou opiniões e informações à Infraero, secretaria Municipal de Turismo, Associação Industrial e Comercial de Canela (ACIC), sobre a expectativa do início das operações comerciais no aeroporto previsto para o fim do primeiro semestre de 2025, mas as entidades não se manifestaram sobre o assunto. Companhias como a Gol e a Azul também foram questionadas sobre possível interesse comercial em vôos regulares, mas somente a Azul Linhas Aéreas se manifestou. “A Azul informa que, como empresa competitiva, está sempre atenta ao mercado e avalia constantemente as possibilidades de incremento de sua malha. Porém, ainda não há previsão de retorno dos voos para Canela, no Rio Grande do Sul”, informou a assessoria de imprensa da companhia.

PROJETO prevê a construção de terminal de passageiros

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