(Em louvação …)
Segundo historiadores, a Festa do Divino Espírito Santo é, provavelmente, a festa “portuguesa” mais antiga de que se tem notícia e que ainda sobrevive.
Conforme João Grinspum Ferraz (em Museu do Pão – caminho dos moinhos – 2008), os primeiros registros datam do fim do século XIII, tendo sua origem a construção da Igreja do Espírito Santo em Alenquer. Sendo de caráter popular e agregadora (comida gratuita e música), teve sucesso instantâneo e disseminou-se pelo território português…
Diante de tal importância e proporção, com poder inclusive, de rivalizar com o poder da Diocese, acabou sendo considerada herege e banida da Península Ibérica pela Igreja Católica. Mas, graças à sua popularidade, espalhou-se pelas colônias portuguesas: Cabo Verde, Açores, Guiné-Bissau e Brasil…
Muito antes da comemoração (40 dias – que ocorre no domingo de Pentecostes) passam de casa em casa pedindo esmolas e colaboração para a Festa. Após, é escolhido um menino (de 8 a 12 anos) que será coroado. Outros, formam seu cortejo: conduzem além da coroa, as mãos do “imperador” e a bandeira do Espírito Santo, que tem como ícone a pomba branca. O “imperador” será vestido com uma roupa vermelha e uma coroa.
Um banquete é organizado: uma longa mesa com toda comida à disposição e distribuição de pães para toda a população.
A Igreja é enfeitada e um grupo que representará os “presos”, se fantasia. A festa inicia, o menino é coroado “Imperador do Mundo”.
O menino “Imperador” dirige-se à cadeia, solta todos os “presos” e, de volta à frente da Igreja, oferece um banquete à todos. A banda alimenta o clima de festa e podem ocorrer missas, leilões, exibições de autos e cavalhadas.
A bandeira do Divino é hasteada. A festa torna-se, então folia, com o povo divertindo-se em torno da mesa, dançando em meio às brincadeiras das crianças.
Hoje, nas Paróquias do Divino espalhadas por todo o país, a tradição é mantida: uma vez por semana há distribuição gratuita de pão.
Pão para todos!
Registro: Em meu acervo, guardo com muito carinho uma miniatura da Bandeira do Divino, trazida dos Açores – presente da minha amiga Tereza Tavares Soares.
A Festa do Divino é um costume trazido pelos açorianos – muito provavelmente, o mais antigo evento e ainda muito vivo em várias localidades do Brasil. E, vale lembrar, intimamente integrado aos usos e costumes Rio Grande do Sul… a nossa terra!