Guardiã da memória teatral

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Lisiane Berti (foto), artista e pesquisadora, tem dedicado parte de sua carreira ao resgate da memória teatral canelense e agora prepara o lançamento de um importante livro sobre o tema. Graduada em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e pós-graduada em Artes Cênicas pelo Centro Superior de Educação Continuada Professor Geraldino de Alvarenga (Censupeg), Lisiane construiu uma trajetória que transita entre diferentes linguagens artísticas, sempre com o propósito de resgatar e valorizar o patrimônio cultural canelense.

Em 2013, ela criou peça “Dona Gorda e Outras Peças” pela Z Multieditora, obra que marcou seu primeiro passo como dramaturga. Mais recentemente, ela lançou o documentário “A História do Teatro em Canela”, obra audiovisual que resgata depoimentos de figuras fundamentais da cena teatral local, reconstruindo a trajetória desde o início do século XX. Ao longo dos anos, Canela cultivou uma relação especial com as artes performáticas. Segundo as pesquisas de Lisiane, a história teatral de Canela remonta aos anos 1920, quando professores já utilizavam o teatro como ferramenta didática. “Foram os professores os grandes pioneiros do movimento teatral em Canela”, revela a pesquisadora.

O projeto “Teatro e Patrimônio – O Legado Teatral de Canela” avança agora para uma importante fase: o lançamento do livro “A História do Teatro em Canela”. A obra está prevista para ser lançada em 10 de outubro, às 18h30min, no Centro Integrado de Desenvolvimento e Inovação de Canela (CIDICA), dentro da programação do Festival Internacional de Teatro de Bonecos que retorna à cena cultural de Canela. A obra, financiada pelo edital SEDAC/PNAB 31/2024 de Memória e Patrimônio do Estado, terá tiragem gratuita e será distribuída em todas as escolas e entidades culturais de Canela.

O livro será estruturado em três atos, conforme explica Lisiane.”Ato I – Canela dos anos 20 a 80, Ato II – Os grandes Festivais e Ato III – o cenário cultural de Canela, depoimentos e acervo de fotos”, conta ela.
Para a pesquisa, a escritora e atriz realizou entrevistas com pesquisadores como Marcelo Veeck, Pedro Oliveira, Antônio Olmiro dos Reis (que ela descreve como “meu ajudante mais eficaz desde sempre e grande incentivador”), artistas locais, famílias tradicionais como os Selbach, os Vaccari e os Wortmann, além de coletar acervos jornalísticos e de artistas da região.

“A preservação da nossa memória e patrimônio local é essencial para mantermos viva a chama da nossa identidade. Ao honrarmos o passado, construímos um presente mais rico e oferecemos um legado valioso para as futuras gerações”, comentou Lisiane Berti, conforme divulgado no projeto.


MOTIVAÇÃO

O trabalho ganha relevância especial no contexto de uma cidade reconhecida por sua beleza natural e seu potencial turístico. “Resgatar nossa história, preservar nossa memória, conhecer a história do teatro local e as razões de sua ascensão e seu declínio pode despertar nos novos artistas e políticos da administração atual, um interesse mais profundo pela arte”, explica a autora sobre sua motivação.

Como parte das contrapartidas do projeto, além do livro, estão sendo realizadas oficinas formativas para professores e alunos, visitas às escolas rurais para exibição do documentário e bate-papo. De acordo com o projeto, na segunda semana de maio as escolas Santos Dumont (Chapadão), Balduíno Boelter (Linha São Paulo) e Zeferino José Lopes (Morro Calçado) receberam a exibição do documentário e bate-papo com a artista.

Enquanto Canela continua a encantar visitantes com seu clima e paisagens características, Lisiane Berti trabalha para garantir que a rica tradição teatral de Canela seja conhecida, valorizada, preservada e continuada pelas novas gerações. Por entre documentários, oficinas e pesquisas, a artista visual resgata o patrimônio cênico da Serra Gaúcha com lançamento previsto para outubro.

ANTIGA turma dos festivais de teatro de Canela


EM BUSCA DA REVITALIZAÇÃO CULTURAL

Artista com sólida carreira, Lisiane não esconde sua preocupação em relação ao cenário atual do teatro em Canela. “Vivemos a era do entretenimento, que é bem diferente do movimento cultural de fomento de platéia e envolvimento comunitário das décadas passadas, sobretudo dos festivais”, analisa ela. Segundo a atriz, houve perdas significativas nos últimos anos, com “uma cultura sucateada e negligenciada”. Lisiane questiona o discurso de incentivo aos artistas locais, apontando necessidades concretas. “O que os artistas locais precisam? Fomento, estrutura, espaço para ensaio e apresentações com um mínimo de infraestrutura, apoio, e cachê dignos para poder trabalhar”, relata. Sobre o futuro, Lisiane realista. “Não vislumbro o retorno desses eventos como eram. Canela mudou, o mundo mudou.” A solução, segundo a artista, está em “retomar o trabalho de formiguinha de formar plateia”, diferenciando o público que busca entretenimento daquele que procura uma “experiência mais profunda, reflexiva e transformadora” no teatro.

Esse olhar crítico sobre o presente e o futuro do teatro em Canela é o que motiva seu atual projeto de um livro que resgata a história teatral da cidade. “O objetivo do livro é justamente contar a história do teatro em Canela desde os anos 20 até a atualidade e o quanto já fomos um polo cultural promissor de teatro”, explica Lisiane. “Canela vivia, respirava e movimentava teatro. Os olhos do Brasil e depois do mundo, com o Festival Internacional de Bonecos, estavam voltados pra cá”, recorda a pesquisadora.

Ao ser questionada sobre as origens do teatro na cidade, Lisiane revela dados surpreendentes de sua pesquisa. “Podemos dizer que nos anos 20 já tínhamos professores que usavam o teatro como ferramenta didática. Foram os professores os grandes pioneiros do movimento teatral em Canela”, afirma Lisiane. Ela destaca marcos importantes como a fundação do Centro Teatral Circulista em 1946 por Waldemar E. Perotoni e Horácio dos Santos, e a Escola de Teatro Joracy Camargo nos anos 60, fundada pelo médico e ator Esmeraldo Mendes Pereira.

Também menciona o papel fundamental de instituições educacionais como a Escola Maria Imaculada e o Ginásio Nossa Senhora Auxiliadora, além do Festival da Criatividade na Escola Cenecista, que foram “decisivos para a criação do Festival de Teatro de Canela”.


A IMPORTÂNCIA DOS FESTIVAIS

Sobre a importância dos festivais de teatro e teatro de bonecos para o desenvolvimento da Cultura em Canela, Lisiane contextualiza.”Precisamos pensar que nos anos de 1987 (início do I Festival de Teatro de Canela) e 1989 (Início do Festival de Bonecos de Canela) nós não tínhamos o Porto Alegre em Cena, e Canela era o cenário da construção de um grande sonho”, conta. Lisiane descreve uma época em que não havia “falas afetadas” ou “olhar superior”, mas sim “o espírito de uma comunidade completamente envolvida com sua herança teatral”. O reconhecimento veio rapidamente. “Chegamos a ser reconhecidos no ano de 1988 como o festival de maior importância e representatividade no Brasil”, lembra com carinho. “Formamos público com a soma de esforços oficiais e civis, das realizações artísticas, da fermentação cultural, criou-se um movimento que durou décadas focando nas artes cênicas e bonequeiras com credibilidade, sempre buscando aprimoramento e que formou muitos profissionais, assim como eu, que vivem da Arte até hoje”, destaca.

A pesquisa que resultará no livro começou durante a pandemia, quando Lisiane recebeu muitos materiais de entidades e personalidades artísticas da cidade. Ela revela sua própria surpresa com as descobertas. “Eu comecei no Festival em 1992 como atriz, mas era público anteriormente, e não tinha idéia de que Canela possuía desde a década de 20 movimentos culturais”, revela.

Com o livro “A História do Teatro em Canela” Lisiane tem a expectativa de despertar nos novos artistas e políticos da administração atual, um interesse mais profundo pela arte, indo além do mero entretenimento e estimulando-os a se tornarem espectadores mais engajados e conscientes lembrando do poder transformador e de reflexão que o teatro tem. Em suas palavras, o livro pode ser “quem sabe um guia para uma revitalização cultural” em Canela.


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