Entre os dias 24 e 26 (de sábado a segunda-feira), Canela vivenciará mais uma edição da tradicional Romaria e Festa em Honra a Nossa Senhora de Caravaggio, promovida pela Paróquia Nossa Senhora de Lourdes. A 65ª Festa de Caravaggio é uma celebração que une fé, cultura e história, refletindo uma devoção que transcende gerações. A origem dessa devoção remonta a 1432, na Itália, quando Nossa Senhora de Caravaggio teria aparecido à camponesa Joaneta, trazendo uma mensagem de esperança. Essa tradição foi trazida ao Brasil pelos imigrantes italianos no final do século XIX, enraizando-se profundamente na Serra Gaúcha. Em Canela, a devoção ganhou força em 1959, com a doação de uma imagem da santa por Ângela Rigotto. Sob a orientação do pároco Cônego João Marchezzi, a imagem foi colocada no Parque Saiqui, que se tornaria o Santuário de Caravaggio. A primeira Romaria e Festa ocorreu em 1960, com uma capela de madeira construída para abrigar a imagem e acolher os fiéis. Desde então, a festa cresceu significativamente, tornando-se um dos maiores eventos religiosos da região. As primeiras celebrações foram marcadas por um forte senso de comunidade, com os moradores locais participando ativamente. Atualmente, a festa não apenas celebra a fé, mas também fortalece os laços culturais e históricos de Canela, consolidando-se como uma tradição que une gerações e atrai devotos de todo o Brasil. A Festa de Caravaggio em Canela é um evento de grande impacto cultural e econômico para a região. A cada edição, milhares de devotos e turistas se reúnem para participar das celebrações, impulsionando diversos setores da economia local. Restaurantes, hotéis e lojas registram um aumento significativo no movimento, com comerciantes locais destacando que a festa é uma das épocas mais movimentadas do ano. O evento atrai um grande número de visitantes, beneficiando diretamente o comércio local. Além das celebrações religiosas, a estrutura do Santuário de Caravaggio acolhe os romeiros com uma programação completa, incluindo espaços de convivência, apresentações culturais e uma área gastronômica com comidas típicas, lanches, doces e bebidas quentes para aquecer os que chegam após a caminhada. As lojas de produtos religiosos também integram o ambiente de acolhida, reforçando o clima de encontro entre famílias, amigos e comunidades. A festividade não é apenas uma manifestação de fé, mas também um evento que celebra a cultura local, promovendo a economia e preservando as tradições gastronômicas que são a essência da identidade regional. “A Festa de Caravaggio, nesse ano jubilar, é uma oportunidade única para todos nós. Nela se encontram a devoção popular, a celebração dos sacramentos, a vivência comunitária da fé e a renovação da nossa esperança em Jesus” afirma o coordenador espiritual do evento, padre Diego Soares. A participação da Juventude A Festa de Caravaggio em Canela é marcada pela significativa participação dos jovens, que trazem energia e renovação às celebrações. A Romaria dos Jovens é um dos momentos mais importantes, reunindo jovens de diversas comunidades para uma jornada de fé e união. Realizada no sábado anterior ao dia de Nossa Senhora de Caravaggio, a Romaria dos Jovens começa na Igreja Matriz de Canela. Durante o percurso até o Santuário, os jovens entoam cânticos e realizam orações, criando um ambiente de espiritualidade e reflexão. Essa caminhada é uma oportunidade para discutir temas relevantes à juventude, como vocação e engajamento social. Ao chegar ao Santuário, os jovens participam de uma Missa Campal, um momento de grande emoção e comunhão. Após a missa, são organizadas atividades como adoração e momentos de louvor, conduzidos por grupos de jovens da diocese. Em algumas edições, são realizadas oficinas e palestras sobre temas como solidariedade e cidadania. Engajamento Social Os jovens também se destacam pelo envolvimento em ações sociais durante a festa. Muitos atuam como voluntários, ajudando na organização do evento, na recepção dos peregrinos e na distribuição de alimentos na Tenda da Fraternidade. Essas atividades reforçam o espírito de serviço e solidariedade, fundamentais para a continuidade da tradição. A participação dos jovens na Festa de Caravaggio em Canela é essencial para manter viva a devoção e assegurar que a romaria continue a ser um evento significativo e transformador para a comunidade. DEDICAÇÃO E FÉ NA ORGANIZAÇÃO A organização da Romaria de Nossa Senhora de Caravaggio em Canela envolve um esforço monumental de dedicação e coordenação. A cada ano, organizadores e voluntários trabalham incansavelmente para garantir que cada detalhe do evento esteja perfeitamente alinhado. Desde o planejamento logístico, até a coordenação das atividades religiosas e culturais, os desafios são imensos. Os festeiros, uma equipe dedicada de voluntários, desempenham um papel crucial, sendo responsáveis não apenas pela logística, mas também pela criação de uma atmosfera acolhedora e segura para os milhares de peregrinos que participam. As preparações começam meses antes, com reuniões regulares para discutir desde a disposição das barracas até a coordenação das procissões. A atual comissão de festeiros, formada por membros da comunidade local, combina experiência e entusiasmo para manter viva a tradição, garantindo que o evento seja tanto uma celebração da fé quanto da cultura regional. Esse trabalho nos bastidores é vital para o sucesso do evento, destacando o compromisso comunitário e a rica tradição que a romaria representa. Devoto e 30 anos como romeiro Ivan Vanderlei Biazus dos Reis, coordenador da comissão de festeiros e veterano com 30 nos de participação na Festa de Caravaggio, compartilha as novidades da 65ª edição. Este ano, o evento contará com um cardápio ampliado e atividades para todas as faixas etárias, garantindo que cada devoto tenha uma experiência acolhedora e memorável. “Procuramos trazer algumas novidades que vão inovar a festa. Investimos em um cardápio mais amplo, momentos pensados para todas as idades e realidades, para que todos possam participar dos momentos marcantes que a festa pode proporcionar. Tudo foi preparado com muito carinho, pensando em oferecer uma experiência ainda mais marcante para os devotos”, conta Ivan. As novenas preparatórias têm sido um sucesso, com um envolvimento emocionante das comunidades. Ivan destaca como essas celebrações fortaleceram os laços de fé e amizade, com a presença viva de Maria sendo sentida em cada
Parque do Caracol inaugura 12 novas churrasqueiras com curadoria de mestre!
O Parque do Caracol sempre foi para Canela um espaço de uso da comunidade. Como se fosse a extensão do quintal de casa. Um lugar para reunir a família, fazer um churrasquinho em meio a natureza e passar o dia. Agora com a reforma do Parque, acabo de saber que ficou melhor ainda! Na sua reabertura ao público neste domingo dia 24 de maio, uma das principais novidades do atrativo será a inauguração de 12 novas churrasqueiras, ampliando a sua estrutura voltada ao lazer. Os espaços agora contam com infraestrutura completa – incluindo mesa, bancos e pia – e poderão ser usufruídos de forma gratuita por moradores locais e visitantes. Pensando na praticidade para o preparo da refeição, uma das novidades das churrasqueiras do Parque do Caracol é a possibilidade de alugar grelhas, espetos, pratos e talheres e comprar carvão na Casa do Viajante, localizada na Praça dos Gaúchos, e mais uma das novas atrações do ponto turístico. Além da infraestrutura, outra novidade das churrasqueiras do Parque do Caracol é uma parceria do atrativo com o mestre churrasqueiro Fernando Schimanoski. Por meio de QR Codes instalados no local, Schima, como é regionalmente conhecido, irá apresentar o projeto das churrasqueiras, além de compartilhar conteúdos exclusivos sobre o preparo de um clássico churrasco gaúcho – desde como fazer o fogo (com lenha ou carvão), até a escolha das melhores carnes e processo de salgar, uso de grelha ou espeto, ponto ideal do churrasco e dicas de acompanhamentos e sobremesas. Sobre os conteúdos gravados por ele e que vão estar disponíveis para o público, Schima afirma que é um complemento: “Não é um passo a passo de como fazer um churrasco, mas sim, dicas valiosas que os visitantes podem acessar e deixar ainda mais especial este momento com a família e amigos. ” Além disso, no mesmo espaço onde estão as novas churrasqueiras, os visitantes também poderão usufruir de quadra de beach tennis, futebol de areia e vôlei de praia ou futevôlei. Moradores de Canela e Gramado têm acesso gratuito ao Parque do Caracol e pagam o valor fixo de R$ 15 no estacionamento. A utilização das churrasqueiras pode ser feita mediante agendamento através do Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC) do Parque do Caracol – (54) 3699.9695 -, e também no local, por ordem de chegada. PARQUE DO CARACOL CANELA-RS Endereço: Rodovia RS 466, km 0, s/n – Caracol, Canela – RS, 95680-000Funcionamento: a partir do dia 24 de maio – de quinta a segunda-feira, das 9h às 17hIngressos: R$ 49,90 antecipado no site ou R$ 59,90 na bilheteria, a partir de 24/05Bilhete Gaúcho (exclusivamente para compras no site): R$ 37Isenção: – Pessoas nascidas ou moradoras de Canela e Gramado, mediante documentação, comprobatória, – Cadeirantes, – Guias de turismo inscritos na Cadastur, Crianças até 5 anos. Site e redes sociais https://www.parquecaracol.com.br/ https://www.instagram.com/parquedocaracol/ https://www.facebook.com/parquedocaracoloficial/
Social da Samanta – 677
Fotógrafos Sergio e Matheus Azevedo divulgaram a obra Arte e Espiritualidade, de Agostinho Barrionuevo, na Recente Feira do Livro de Florianópolis. Foto: Divulgação FESTIN Para comemorar os 150 anos da Imigração Italiana no RS, irá acontecer no dia 24 de maio o Festin Nostra Oliva, no parque Olivas de Gramado. Um evento repleto de arte, cultura e gastronomia, para celebrar as tradições, a partir das 13h. Morgana e Poliana, divulgando a reabertura do Parque do Caracol no Largo Benito Urbani e distribuindo flores. Foto: Divulgação Beatriz Batista e Glenda Viezzer realizaram linda viagem no navio Costa Diadema pra Europa. Na foto passeando pela Rua Augusta em Lisboa. Foto: Divulgação Os amigos Flavia Schneider, Sandra Pecis e Flavio Heller foram conhecer os sabores surpreendes do Restaurante Vivamo, capitaneado pela Chef Glau Zoldan, que tem formação na prestigiada Le Cordon Bleu, de Paris Foto: Divulgação Guilherme e Viviane Steffens estiveram no jantar da Vinã Edén que aconteceu no Tour de France, em Gramado Foto: Agência Join
Social da Bina – 677
Gustavo De Marchi levou sua lambe lambe para Festival Caminhos de Outono Foto: João Pedro Travi NAMORADOS Noite dos Namorados em Gramado terá comédia ao vivo e cardápio especial no Dreams Motor Show.Bruna Feitoria comanda o line-up de humor em evento para casais, solteiros e apaixonados por risadas. Será no dia 12/06. Ingressos já estão a venda Claudia Richetti curtindo os mares cristalinos de Cancún Foto: Divulgação Bianca Franck a espera de seu primogênito Foto: Divulgação Gabi Theisen e Gregori Moura em um dos memo em to mais esperados na viagem ao Peru Foto: Divulgação Melina com sua mamãe Cati Moschen Borniger Foto: Divulgação
O CORPO NÃO PODE PARAR
Quem vê esta foto de Elaine Meneghelli em um de seus ambientes de trabalho, a sala de Pilates, deve pensar o que um baralho tem a ver com aquilo tudo. Como aqui a imagem não vale por mil palavras, vai a explicação de que a moça executa bem, também, a atividade de competidora em campeonatos de canastra. Tradição de família, desde muito cedo ela aprendeu a formar as sequencias e trincas, comprar e descartar até bater, acumulando pontos. Um mestre ela tinha em casa, seu pai, Evair, com quem formava dupla e ganharam torneios na sua Joinville. Morando em Canela desde 2022, esta catarinense, que trouxe na bagagem o diploma de fisioterapeuta com pós-graduações em fisioterapia esportiva, ortopedia e traumatolgia, geriatria e gerontologia, encontrou lugar e parceria para (perdoem o trocadilho) dar sequencia ao seu gosto pela canastra, de preferência em clima de competição. Em dupla (a única feminina) com Lisiane Lopes Cazara, Elaine nesta semana classificou-se para a fase semifinal do Campeonato Municipal de Canastra. Elaine em dois toques: Acima, na Seleção Catarinense de Vôlei de 2012 (Ela, como líbero, veste a camiseta diferente); Abaixo, compenetrada no Municipal de Canastra. A inquietude de Elaine a faz também reservar tempo na agenda, além do casamento e as dezenas de pessoas que atende com a fisio e o Pilates no Espaço Cuidar (Canela), para o voleibol. Ela joga semanalmente para manter o hábito no esporte onde já atuou profissionalmente. O amor ao vôlei a fez sair de casa ainda cedo, levando-a a morar em Blumenau e Chapecó (SC), Rio Claro e Piracicaba (SP) e na capital federal. Foram anos de vida regulada por treinos e muita disciplina para dividir quadra com grandes atletas do voleibol brasileiro, pois a “baixinha” – sempre jogou de líbero – disputou as Superligas A e B. O que ganhou, jogando, financiou toda a sua formação na área da saúde. Agora quem ganha é Canela, com a profissional dedicada, na saúde, e a esportista que motiva colegas a não ficarem paradas. É ELE E A MOTO Há pessoas que viajam para encontrar lugares e reencontrar a si mesmos. Não importa o meio de transporte, traçar roteiros e partir países afora é uma experiência que, aos que escolhem fazê-lo sozinhos, significa limpar a mente e zerar o estresse acumulado.O canelense Maurício Zanatta, ao menos quando bota a motocicleta na estrada, é um destes. De moto, ele prefere viajar sem companhia. Não tem receio, porque organiza bem o roteiro e usa os melhores equipamentos. Confia na sua (atual) Triumph Tiger 1200 e na boa experiência de já ter pilotado pelo Cone Sul.Neste 7 de maio Maurício retornou de um tour, de cerca de 9.000 quilômetros, até Machu Picchu, no Peru. Foram 21 dias rodando, com alguns de descanso estratégico na ida e na volta, cruzando Argentina e Chile para chegar ao país e à cidade Inca do século XV. Tudo na paz, fruto do planejamento. Mas percalços surgem, como uma nevasca não prevista, ausência de posto gasolina que consta no mapa e fazer centenas de quilômetros, na volta, de São Borja a Porto Alegre, sob chuva despejada, incessante. Maurício já pensa na próxima. Nas alturas andinas… … a neve que a meteorologia não previa… …um abastecimento improvisado… …o objetivo alcançado. ALPEN NERD No sábado (24) o Alpen Park será local para comemorar, no Alpen Nerd, o Dia do Orgulho Nerd, ou Geek – que na verdade se celebra no dia 25. Também chamado de Dia da Toalha, a data faz referência a duas obras, “Star Wars” e “O Guia do Mochileiro das Galáxias”. No Alpen Nerd será possível fazer fotos com cosplays de personagens como Homem Aranha, Mulher Aranha e Deadpool, participar do ‘Quiz Nerd’, em uma roleta com diversos prêmios geeks e conferir a ‘Insanity’, com produtos importados de diversos países.
Caro leitor,
Convido vocês a me acompanharem nesta viagem de cores, aromas, sabores e muita história, gastronomia, arte, produtos, técnicas, restaurantes estrelados e chefs que transformaram nossas mesas. Bom, acho que devo começar por me apresentar. Conhecida como Chef Glau, escolhi a arte de cozinhar e promover experiências gastronômicas. Escolhi? Foram anos de uma vida executiva e, como engenheira, meu universo era tenso e intenso, mas foi graças a ele que pude me estruturar para decidir a hora de parar. Feliz e bem-sucedida sim, mas era hora de mudar. Além de vir de uma família onde estar em volta da mesa eram sempre os nossos melhores momentos, além dos cheiros que brotavam das panelas da “nona”, percebi muito cedo que todos aqueles rituais dos domingos da minha vida eram simplesmente atos de amor e, aos 12 anos, fui incumbida de fazer o pernil do Natal. Fiquei noites sem dormir, uma mistura de êxtase e responsabilidade. Estudar temperos apropriados, métodos de cocção, listas de compras e os cheiros definitivamente entraram na minha vida. Anos mais tarde, como executiva, meu momento de me reconectar sempre acabava na cozinha. Saía do trabalho, abria um bom vinho e brincava com os ingredientes que me respondiam. Ia nascendo não só uma degustação deliciosa como um momento singular. Decidi, quero cozinhar! Para mim, ou você nasce fazendo ou você estuda muito para fazer direito. Escolhi uma escola que me desse uma formação sólida, mas também credibilidade. Deixei minha vida para trás rumo ao Le Cordon Bleu. Foi um sonho, mas não pense que foi fácil, afinal, o conforto e a liderança já faziam parte da minha vida. Tive que me conectar com a humildade, com o trabalho pesado, com meus erros, com minha insignificância frente a todo aquele novo mundo, mas, ao receber meu diploma das mãos dos meus ídolos, não contive as lágrimas e a felicidade. Agora só me faltava comer e comer! Iniciei minha viagem pelo universo Michelin, aprendendo sabores, combinações e vivendo a beleza desta arte. Perdi as contas de quantas mesas eu degustei, mas, principalmente, de quantas pessoas eu realmente ouvi. De volta ao Brasil, eu queria dividir tudo isso com todo mundo. Abri um restaurante, depois outro, depois outro, experiência check! Afinidade com o clima europeu gritou em mim que a Serra Gaúcha era meu lugar e da faísca romântica das lareiras a um convite inesperado e pronto, aqui estou. Me abram as janelas dos seus olhos e seus corações, fica o convite para fazermos juntos esta viagem. Bon appétit!
Acertando as contas com a Receita… e por que isso pode ser uma boa notícia
Essa frase até poderia ter saído da boca daquela jornalista de economia famosa da TV. Mas não. É minha mesmo — e costumo repeti-la com frequência. Fazer a própria declaração de Imposto de Renda — ou ao menos acompanhar de perto o trabalho do contador — é um dos maiores exercícios de finanças pessoais que alguém pode realizar. Ali está o verdadeiro raio-X da vida financeira. É o momento em que a pessoa percebe, com clareza, se está evoluindo financeiramente. Dá para ver de onde vem o dinheiro, para onde ele vai, e traçar objetivos mais consistentes para o ano que começa depois do IR. E mais: é também uma oportunidade de encontrar, dentro da lei, formas de pagar menos imposto. Afinal, ninguém gosta de pagar — mas, como quase tudo na vida, sempre há um lado bom. Lembro de uma cliente, na época em que eu trabalhava no banco, que se lamentava por pagar mais de R$ 150 mil em impostos por ano. Um dia, tentei animá-la:— Dona Fulana, meu sonho é um dia pagar tudo isso em imposto!Ela se espantou. E eu expliquei o óbvio: quem paga muito imposto, provavelmente faturou muito também. Claro, se vivêssemos em um país onde o retorno dos tributos fosse proporcional, pagar imposto teria um gosto menos amargo. Mas no Brasil, a sensação é que temos carga tributária da Dinamarca com os serviços públicos do Congo. Outro dia, conversando com um cliente do Rio de Janeiro sobre a proposta do governo de taxar em mais 10% quem ganha acima de R$ 50 mil por mês — o chamado “imposto dos super-ricos” — ouvi o seguinte desabafo: “Já sou tributado em quase 34% na minha empresa, e ainda querem tirar mais 10% da distribuição de lucros? Se ao menos eu tivesse segurança… Mas não posso nem sair de casa com relógio no pulso. O risco de ser assaltado é enorme. Vivo quase como um prisioneiro dentro do meu apartamento”. Fiquei pensando que, felizmente, aqui na Serra ainda temos um pouco mais de tranquilidade — mérito da nossa Polícia Civil e da Brigada Militar. Mas ele tem razão, não temos acesso ao básico para viver, então qual o motivo de aumentar impostos para uma sociedade já estrangulada pela carga tributária? Para melhorar saúde, segurança, educação? Infelizmente não. O que temos visto é que vai servir para aumentar o número de deputados no Congresso. Pois é. Essa medida foi aprovada na semana passada. Acredite se quiser. Mas voltando ao foco desta coluna: investimentos. Sempre que atendo um novo cliente, gosto de desmistificar o tal do Imposto de Renda. E digo sem rodeios:— Meu objetivo é fazer você pagar cada vez mais imposto de renda. A reação quase sempre é de susto ou contrariedade. Muitos clientes nos procuram justamente atrás de ativos isentos, que os bancos de varejo raramente oferecem — como debêntures incentivadas, CRIs, CRAs, fundos imobiliários e outros. Mas aí vem a explicação: imposto de renda só incide sobre o lucro. Se você está pagando, é porque ganhou. Simples assim. Quem já passou por momentos difíceis no mercado sabe que a ausência de IR, nesses casos, só significa uma coisa: prejuízo. E ninguém gosta de perder — nem que isso signifique não pagar nada ao Leão. No fim das contas, como quase tudo na vida, dá para enxergar o lado bom. Nem que seja por esse viés: se tem imposto, é porque teve lucro. E por falar nisso, fica o lembrete: estamos na reta final para a entrega da declaração de Imposto de Renda. O prazo termina às 23h59 do dia 30 de maio, e segundo a própria Receita Federal, cerca de 19 milhões de brasileiros ainda não enviaram a sua declaração. Se você está nesse grupo, corre — ainda dá tempo.
A Realidade que nos Escapa
Vivemos num tempo em que o relógio parece ter mais pressa do que nós. Acordamos já atrasados, almoçamos com o celular numa mão e comemos notícias na outra. A vida, tão cheia de compromissos e metas, tornou-se uma maratona onde poucos se lembram de respirar. Neste turbilhão, o real – com todas as suas rugas, silêncios e imperfeições – vai perdendo espaço para o que nos distrai, consola ou simplesmente faz esquecer. É neste cenário que surgem pequenas válvulas de escape, algumas inusitadas, como as bonecas reborn. Parecem apenas brinquedos, mas, em muitos casos, são o reflexo de um desejo profundo por controle, afeto ou até reconexão com algo que se perdeu. São objetos que simulam a vida, sem as exigências da vida real. Representam, de certo modo, uma tentativa de domesticar a imprevisibilidade da existência, de encontrar sentido no artificial, já que o autêntico parece cada vez mais inalcançável. A recente CPI das Bets, em curso no Senado brasileiro, lança luz sobre um outro tipo de fuga: a aposta como último recurso de esperança. Milhões de brasileiros, movidos pelo desejo de mudar de vida, entregam-se ao universo das apostas online, muitas vezes sem perceber os riscos envolvidos. A comissão investiga a atuação de várias empresas autorizadas, buscando entender o impacto dessas plataformas no orçamento das famílias e possíveis irregularidades fiscais e financeiras. A promessa de ganhos fáceis esconde, por vezes, armadilhas que aprofundam ainda mais a vulnerabilidade de quem já pouco tem. E seguimos, repetindo gestos, preenchendo vazios com substitutos e criando rotinas online “perfeitas”, onde o sentir é cada vez mais raro. Mas ainda que tudo pareça rotina e o tempo escorra entre os dedos, há sempre uma fresta onde entra luz. Como canta Renato Russo, “somos tão jovens” – e talvez ainda haja tempo, mesmo que perdido, para recuperar a coragem de viver o que é real. Mesmo que doa. Mesmo que canse. Porque a vida, por mais dura que seja, ainda é a nossa única chance de sentir de verdade.
O pão e a Festa do Divino
(Em louvação …) Segundo historiadores, a Festa do Divino Espírito Santo é, provavelmente, a festa “portuguesa” mais antiga de que se tem notícia e que ainda sobrevive. Conforme João Grinspum Ferraz (em Museu do Pão – caminho dos moinhos – 2008), os primeiros registros datam do fim do século XIII, tendo sua origem a construção da Igreja do Espírito Santo em Alenquer. Sendo de caráter popular e agregadora (comida gratuita e música), teve sucesso instantâneo e disseminou-se pelo território português… Diante de tal importância e proporção, com poder inclusive, de rivalizar com o poder da Diocese, acabou sendo considerada herege e banida da Península Ibérica pela Igreja Católica. Mas, graças à sua popularidade, espalhou-se pelas colônias portuguesas: Cabo Verde, Açores, Guiné-Bissau e Brasil… Muito antes da comemoração (40 dias – que ocorre no domingo de Pentecostes) passam de casa em casa pedindo esmolas e colaboração para a Festa. Após, é escolhido um menino (de 8 a 12 anos) que será coroado. Outros, formam seu cortejo: conduzem além da coroa, as mãos do “imperador” e a bandeira do Espírito Santo, que tem como ícone a pomba branca. O “imperador” será vestido com uma roupa vermelha e uma coroa. Um banquete é organizado: uma longa mesa com toda comida à disposição e distribuição de pães para toda a população. A Igreja é enfeitada e um grupo que representará os “presos”, se fantasia. A festa inicia, o menino é coroado “Imperador do Mundo”. O menino “Imperador” dirige-se à cadeia, solta todos os “presos” e, de volta à frente da Igreja, oferece um banquete à todos. A banda alimenta o clima de festa e podem ocorrer missas, leilões, exibições de autos e cavalhadas. A bandeira do Divino é hasteada. A festa torna-se, então folia, com o povo divertindo-se em torno da mesa, dançando em meio às brincadeiras das crianças. Hoje, nas Paróquias do Divino espalhadas por todo o país, a tradição é mantida: uma vez por semana há distribuição gratuita de pão. Pão para todos! Registro: Em meu acervo, guardo com muito carinho uma miniatura da Bandeira do Divino, trazida dos Açores – presente da minha amiga Tereza Tavares Soares. A Festa do Divino é um costume trazido pelos açorianos – muito provavelmente, o mais antigo evento e ainda muito vivo em várias localidades do Brasil. E, vale lembrar, intimamente integrado aos usos e costumes Rio Grande do Sul… a nossa terra!